quarta-feira, 6 de abril de 2011

COMO DEUS QUER...





Às vezes, quando nuvens borrascosas enegrecem o céu, anunciando chuva, olhamos para cima e dizemos:

Ah, deveria chover somente da meia-noite às seis da manhã. Aí, a chuva faria seu papel e não atrapalharia a vida de ninguém.

Em outros dias, quando a estiagem se faz longa, ficamos aguardando que as nuvens prenunciadoras da chuva benfazeja cheguem logo.

Paradoxalmente, se o final de semana se aproxima e o anúncio é de aguaceiro, reclamamos:

Tinha que ser no final de semana!? Precisava chover para estragar o meu lazer?

Outros, ao contrário, dizem: Por que chove durante a semana, quando se precisa sair para estudar, trabalhar? Deveria chover só nos feriados.

Todas essas expressões, que são muito comuns em nosso cotidiano, demonstram o quanto ainda somos egoístas.

Pensamos somente em nós. Quando pedimos chuva pela madrugada, não recordamos de quantos guardas-noturnos passam aquelas horas montando guarda, andando de um a outro lado.

Nós estaremos abrigados em casa. Eles, não.

Quando não apreciamos a chuva nos finais de semana, não cogitamos que o agricultor a aguarda, ansioso, a qualquer hora.

Dela depende a vida da sua lavoura, do seu empreendimento. Sem chuva, a plantação morrerá, não haverá colheita, não haverá grãos, nem folhas.

Aqueles que apreciariam a chuva nos dias em que não precisam sair para seus afazeres, esquecem que muitas mães e pais aguardam, igualmente ansiosos, o final de semana para poder sair com os filhos.

Para ir ao parque, passear, jogar bola. Que muitos cogitam ir à praia, para espairecer, após a semana de labor estressante.

Por tudo isso é que Deus, a sabedoria e suprema inteligência, estabelece leis primorosas e justas, sem ficar a ouvir as imprecações de uns e os pedidos de outros.

Ele estabelece que a chuva virá, quando as condições assim o permitirem. E ela vem, amiga, lançando-se ao solo, enchendo rios, alimentando lençóis subterrâneos.

Derrama-se pelas lavouras, banha as árvores frondosas e a erva miúda. Higieniza a atmosfera. Alegra a natureza.

Constatamos, desta forma, que o melhor para o Mundo é mesmo a vontade de Deus.

Ele distribui as bênçãos da chuva, do sol, dos ventos ligeiros, da brisa, das grandes tempestades, com toda a ciência.

Somente Ele, o Pai de todos nós, sabe exatamente o que necessita cada um de Seus filhos.

E, como Excelso Administrador, não atenta para os caprichos de um e de outro, mas delibera pelo que seja mais produtivo, em termos de progresso, para a Terra e Seus filhos.

Por isso, quando o sol se fizer inclemente, ou a chuva se fizer contínua por largo período, pensemos: Deus sabe o que faz.

Na Terra de provas e expiações em que nos situamos, ainda por muito tempo estaremos a braços com essas vicissitudes que são as intempéries, a que chamamos de capricho do clima, ou resultado de nossa própria imprevidência.

Também cogitemos de que habitamos um planeta com mais de 6 bilhões de pessoas e que, de forma alguma, podemos pensar somente em nossas necessidades e nossos desejos.

Habituemo-nos, pois, em questões cujo comando nos foge, a crer que a vontade de Deus é a melhor.

Por Sua sabedoria, por Seu amor, por Sua ciência de todas as coisas, Ele sabe o tempo de tudo prover para os filhos a quem concedeu o imenso campo planetário para viver, crescer e semear.

Pensemos nisso!

Redação do Momento Espírita.

DESSAS PEQUENAS FELICIDADES CERTAS



Houve um tempo em que na minha janela havia um pequeno jardim seco.

Era um tempo de estiagem,de terra esfarelada,e o jardim parecia morto.

Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.

Não era uma rega:era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.

E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.

Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas e outros finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

* * *

Meireles, Drummonds, Kolodys, Bandeiras, dos Anjos, Alves, Pessoas, Quintanas - esses menestréis das linhas escritas - parecem, por vezes, almas que enxergavam mais do que nossos olhares ordinários conseguem ver.

Como se, observando uma mesma paisagem, um mesmo rosto, um mesmo sentimento, percebessem ali dimensões desconhecidas para os olhos duros, entorpecidos, de uma Humanidade cambaleante.

Mostravam-se dotados de sentidos que não temos, ou talvez, como afirma despretensiosamente Cecília Meirelles (uma mulher de olhos tortos, segundo ela mesma), simplesmente aprenderam a olhar.

Notar as minúcias, as pequenas grandes coisas, as singelas belezas, faz-nos desenvolver como que este novo sentido, um novo grau de percepção, que se utiliza dos sensores físicos, porém apenas como instrumentos, pois o que sente, o que capta, habita certamente outras esferas sensoriais.

Um sentido que nos faz atentos, que nos faz conscientes de toda finalidade do viver, constantemente – como se jamais deixássemos de perder o controle, o leme da embarcação que conduzimos através de tantos e tantos oceanos universais.

A felicidade almejada no segredo ou no proclamar de nossos sonhares - o júbilo pleno - certamente ainda está distante de nossas possibilidades – mesmo porque nossos anseios ainda encerram a fragilidade do pueril e do imediato.

Mas é certo, e muito certo, que esta conquista não é futura, ela é construída de átimos sucessivos, aos poucos, e agora.

Sempre idealizamos uma felicidade prêmio, um tesouro ao final de uma longa e tortuosa jornada.

Porém, a conquista da maturidade psicológica nos fará entender que ela é, em verdade, uma construção ao longo do caminho.

Uma edificação gradual e certa, feita de milhares de pequenos cristais preciosos, como estas pequenas felicidades certas que a sensibilidade de Cecília nos faz divisar:

Nasceres do sol. A harmonia da fauna, da flora. O encanto dos incontáveis tons que pintam o céu todas as manhãs – dos cinzas aos anis.

E de tantas outras coisas...

* * *

Repare mais no mundo à sua volta. Não apenas para constatar seus problemas – como costumeiramente fazemos - mas principalmente para descobrir suas alegrias, seus valores, suas virtudes.

Aprenda com os poetas e seus olhos tortos, e deixe-se encantar pelo pardal que pula no muro, pelas borboletas brancas que voam juntas; pelo fechar dos olhos de um gato, pelo cantar distante de um galo, pelo vôo de um avião; pelo sorriso de um estranho, pelo encontro da água com a terra fértil de um pequeno jardim...

Troque, como afirma uma jovem poetisa, um relógio de tempo rápido por um relógio de horas longas.

Para olhar a natureza, e apreciar os pássaros. Troque um dia apavorado, preso, rápido, por um dia solto, leve e comprido.

Troque, aprenda, cresça.

Inunde sua vida dessas pequenas felicidades certas.

Redação do Momento Espírita com base no cap. A arte de ser feliz, do livro
Escolha o seu sonho:crônicas, de Cecília Meirelles, ed. Record e no cap.
Dessas pequenas felicidades certas, do livro O que as águas não refletem,
de Andrey Cechelero, ed. do autor.

COMO FAZER ACONTECER




Algum tempo atrás recebemos, com alegria, um pequeno folheto, produzido por uma empresa de material escolar, intitulado “como fazer acontecer”.

Nele encontramos uma lista de dicas, de orientações muito seguras para conseguirmos sucesso nas empreitadas de nossa vida.

Sob o subtítulo de “caminhos para um efetivo fazer acontecer”, lemos o seguinte:

Primeiro: visualize, com detalhes, como se tudo já estivesse realizado – imagine com pormenores o estado desejado. Essa imagem cristalina é algo que irá naturalmente orientá-lo quanto ao que deve ser feito, como começar, etc.

Segundo: dê rapidamente o primeiro passo – confie nos “lampejos” que você tem. Se você sente confiança interior, aja sem hesitação e dê o primeiro passo. A natureza fará a seqüência acontecer.

Terceiro: faça tudo de corpo e alma – não seja “morno”, “fazendo por fazer”. Até o impossível se torna possível quando nos envolvemos integralmente.

Quarto passo: faça tudo com boa vontade e prazer – a probabilidade de dar certo aumenta tremendamente quando fazemos tudo com a mente alegre.

Quinto: seja otimista – não se deixe influenciar pelos cínicos e pelos pessimistas. Ajude a construir o ideal, a cada dia dando o passo do dia.

Sexto: concentre-se em seus pontos fortes – ao invés de se deixar bloquear por eventuais pontos fracos, ancore-se no que você tem de melhor.

Sétimo: concentre energia – evite desperdiçá-la fazendo as coisas pela metade, ou começando muitos projetos sem nada concluir.

Oitavo: seja natural – não se deixe derrotar pelo “excesso de esforço”. Faça o que tem que ser feito e mantenha a tranqüilidade interior. Dê espaço e tempo para a natureza também fazer a sua parte.

Nono passo: seja transparente – nem sequer pense desonestamente, pois isso drena sua energia. Já imaginou quanto de energia gastamos para “proteger” a mentira contada ontem? Ser transparente faz multiplicar energia.

Décimo: seja generoso – “a generosidade move montanhas.” As coisas fluem melhor à sua volta porque a generosidade faz agir. Picuinhas, ao contrário, imobilizam as pessoas.

Décimo primeiro: aja sempre com justiça, isto é, evite a postura de tirar vantagem de tudo. Aja pensando em benefícios para todos. As coisas passam a acontecer com mais fluidez.

Décimo segundo passo: confie 100% em sua força interior – fazer acontecer exige fé, principalmente em si mesmo. É essa convicção que o deixa solto para fazer o que é necessário.

Finalmente, décimo terceiro: busque excelência, sempre – um fazer acontecer efetivo deve estar ancorado na busca do melhor, do perfeito, do ideal. O tempo que levaremos para chegar à perfeição é outra coisa. O alvo, porém, deve sempre ser a perfeição.

***

A acomodação pode tornar-se um vício perigoso em nossa vida.

Utilizamos a palavra vício, pois se permitirmos, ela vai nos dominando, nos dominando, até fazer parte de nosso estado natural de ser.

O que começa hoje com uma pequena preguiça, com um pequeno desânimo, pode ganhar proporções maiores e nos lançar a processos de depressão e tristeza.

Assim, permaneçamos atentos a qualquer indício destes sentimentos que não são nada bem-vindos, e logo os espantemos para longe de nós.

Equipe de Redação do Momento Espírita, a partir do texto “Como fazer acontecer”, distribuído gratuitamente pela empresa Tilibra.

QUANDO A PEDRA SE TRANSFORMOU...




Era o período nazista. Segunda Guerra Mundial. O campo de concentração de Auschwitz, entre tantos carrascos, conhecia um muito bem: chamava-se Herr Müeller. Senhor Müeller.

Nome comum para o povo alemão. Mas, os prisioneiros daquele campo o podiam distinguir de qualquer outro.

Parecia ter uma pedra no lugar do coração. Frio, implacável. Decidia sobre a vida e a morte daqueles pobres prisioneiros da arbitrariedade e loucura humanas.

Entre tantos prisioneiros, um havia que o conhecera muito antes que o Nazismo o transformasse em carrasco. Era o ilustre rabino de uma aldeia polonesa, Samuel Shapira.

Ele conhecera Herr Müeller quando ele era um lavrador, na década de 1930, em sua aldeia.

Quando descera do trem de prisioneiros, seu olhar cruzou com o de Herr Müeller e, como naqueles anos distantes, se cumprimentaram: Bom dia.

E o carrasco lhe indicara para seguir para a fila da direita, para se tornar mais um prisioneiro naquele campo de concentração.

Os que fossem indicados para a esquerda, iam diretamente para a morte.

O tempo passou e, apesar das tantas condições adversas, sub-humanas, o rabino sobreviveu e pôde ouvir, com alegria, o anúncio, em quatro idiomas, de que estavam livres.

A guerra terminara. Embora o horror do que os homens haviam feito, naqueles anos, demorasse a se diluir na memória de cada um.

A partir de agosto de 1945 até 1949, instalou-se um grande Tribunal Militar Internacional, que passou a julgar os criminosos.

O mundo o conheceu como Julgamento de Nuremberg e foram vinte e dois os réus. Mas, vários outros julgamentos aconteceram em territórios ocupados.

Num deles, em Frankfurt, o rabino foi testemunha de Herr Müeller. Testemunha de defesa.

Herr Müeller era um ser que a filosofia nazista transformara em alguém impiedoso e cruel.

Ele nunca fora amado. Em verdade, não era ele que mandava as pessoas para a câmara de gás. Era o regime.

Herr Müeller era um homem bom.

Desta forma se expressou o rabino, não por ter tido a sua vida salva, naquele momento inicial da seleção, mas por, como cristão, assim acreditar.

Herr Müeller foi condenado à pena de morte por enforcamento.

Ao ser retirado do tribunal, passando pelo rabino, o olhou. Dos seus olhos, escorreu uma lágrima e ele sussurrou:

Muito obrigado!

Ao influxo do amor do rabino, o coração de pedra se transformara. Voltara a ser homem. Sentir, emocionar-se, ante o afeto de alguém a quem ele, em essência, nada fizera.

* * *

O amor tem força extraordinária. Não há ninguém imune à sua ação.

Quando ele se manifesta, salva vidas, alimenta outras e tem o poder de transformar pessoas tidas como más em renovadas criaturas.

Foi por isso que Jesus nos recomendou: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.

E ainda: Amai os vossos inimigos.

Pensemos nisso.



Redação do Momento Espírita, com base em fato narrado por Divaldo Pereira Franco, em Encontro com as lideranças espíritas, na Federação Espírita do Paraná.

SÓLIDA AMIZADE



Quem de nós já não se decepcionou com um amigo? Alguém a quem se entregou o coração e, em algum momento, nos traiu a confiança ou nos voltou as costas?
Alguém de quem esperávamos todo o apoio e nos falhou, na hora precisa?
Qualquer uma dessas circunstâncias nos magoará e se constituirá em quebra da afeição.
Por essa razão, a lição de dois meninos é tão marcante.
Eles haviam nascido no mesmo dia, mês e ano. Um era judeu. O outro, alemão.
Nove anos era a idade deles. Um era natural da Polônia e habitara uma casa, com vários cômodos, em cima da relojoaria do seu pai.
Um dia, tudo lhe foi tirado e ele se viu prisioneiro, em meio a outros milhares, padecendo fome. Para vestir, um estranho pijama listrado, com boné no mesmo padrão.
O outro nascera em Berlim, vivera numa casa muito grande, de três andares. Agora, residia no campo e vivia a reclamar da casa menor e da falta de amigos.
Encontraram-se, um dia, um de cada lado de uma interminável cerca de arame farpado. Bruno, o menino alemão, se sentia solitário e se pôs a conversar com o outro.
Nenhum dos dois entendia muito do que acontecia ao seu redor. Mas se tornaram amigos. Viam-se todas as tardes.
Um dia, ao entrar em casa, Bruno viu ali o amigo do pijama listrado. Lustrava os cristais com seus dedos miúdos.
Bruno se serviu de um lanche e ofereceu ao outro, sempre faminto.
Mal colocara na boca um pedaço de frango, adentrou a cozinha um oficial. Vendo que o pequeno prisioneiro estava comendo, o inquiriu, de forma grosseira, acusando-o de roubar comida.
Sem malícia alguma, o menino disse que fora seu amigo quem lhe ofertara o lanche.
Mas Bruno estava tão assustado com a truculência do oficial, com a inquirição que lhe era feita, que se deixou tomar pelo pavor.
E, apavorado, negou conhecer o outro, negou ter-lhe dado comida, o que, para aquele valeu violento castigo.
Dias passados, Bruno retornou ao local onde costumava encontrar o amigo. Havia tristeza e muitos hematomas no rosto do aprisionado.
Peço desculpas, disse Bruno. Tive muito medo, naquele dia. Você ainda quer ser meu amigo?
E, então, a mão esquálida do judeu se estendeu para o lado de fora da cerca. Bruno a apertou.
Era a primeira vez que se tocavam. Era o toque da amizade sólida, que sempre perdoa.
* * *
Amizade é um exercício de amor. Amor de amigo é inigualável. Já disse Jesus, ao seu tempo, que o amigo dá a sua pela vida do amigo, santificando assim esse sublime sentimento.
Por isso, o amigo perdoa as fraquezas do outro, perdoa as suas falhas e continua amigo.
Felizes aqueles que enflorescem a alma com amizade, enriquecendo-se de paz, granjeando gratidão pelos caminhos que percorre.

Redação do Momento Espírita, com base em cenas do filme O menino do pijama listrado.