quarta-feira, 14 de julho de 2010

MALDADE PERPÉTUA




Há quem acredite na existência de demônios.

Segundo a concepção mais comum, são seres voltados eternamente ao mal.

Teriam até sido anjos, no pretérito remoto.

Entretanto, por conta de uma rebelião contra Deus, foram expulsos do céu.

Trata-se de uma crença respeitável e talvez até necessária, em certo período da história humana.

Mas não resiste ao crivo da razão.

A Criação Divina é perfectível e está em contínuo avanço.

Gradualmente, os costumes se renovam, os pensamentos se aperfeiçoam e os sentimentos se purificam.

O retrocesso é estranho às Leis Divinas.

Nenhum ser genuinamente bom cansa da bondade e passa a cometer atos cruéis.

O contrário é que se dá.

A maldade, sim, cansa, inclusive pela cota de sofrimentos e desgostos que necessariamente causa.

O mal perpétuo, como destino de uma criatura, desmentiria a inteligência e a bondade do Criador.

Assim, todos cometem erros no processo de aprendizado.

Mas todos se recompõem, mais cedo ou mais tarde.

Os gênios perversos das tradições religiosas são apenas Espíritos, iguais aos que animam os homens de hoje.

Basta que alguém adote conscientemente a crueldade por trilha de ação para assemelhar-se a eles.

Observe as lágrimas dos órfãos e das viúvas, ao desamparo.

Há quem as faça correr.

Repare nos apetrechos de guerra, estruturados para assaltar populações indefesas.

Há quem os organize.

Medite nas indústrias do abortamento.

Há quem as garanta.

Reflita nos mercados de entorpecentes.

Há quem os explore.

Essas verdades acusam a Humanidade toda.

A condição moral da Terra é o reflexo coletivo dos que nela habitam.

Todos têm acertos e desacertos.

Todos possuem sombra e luz.

Consciências encarnadas em desvario fazem os desvarios da esfera humana.

Consciências desencarnadas em desequilíbrio geram os desequilíbrios da esfera espiritual.

Justamente por isso, o Evangelho assevera:

Ninguém entrará no Reino de Deus sem nascer de novo.

Já o Espiritismo acentua:

Nascer, morrer, renascer de novo e progredir continuamente, tal é a lei.

Isso quer dizer que ninguém consegue desertar da luta evolutiva.

É preciso seguir vigilante no serviço do próprio burilamento e no auxílio ao progresso do próximo.

Certamente um dia o amor puro liquidará os infernos de dor e incompreensão.

Mas tal só se dará quando todas as inteligências transviadas estiverem sublimadas pela força da educação.

Educar-se e ao semelhante é tarefa de cada homem que sonha com um amanhã melhor.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. XXXIII, do livro Justiça Divina, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

PODER E VAIDADE




Fala-se muito das misérias humanas. Fala-se, sobremaneira, da miséria econômica.

Mas, ao lado das misérias materiais há outras de maior gravidade, que são as misérias morais.

A vaidade é uma delas. Mistura-se a todas as ações humanas e mancha os pensamentos mais delicados. Penetra o coração e o cérebro.

Planta má, a vaidade abafa a bondade. Todas as qualidades são aniquiladas por seu veneno.

Faz com que os homens se esqueçam de Deus, que se constitui em socorro apenas implorado nos momentos de aflição, e jamais o Amigo convidado ao banquete da alegria.

A vaidade, por si só, se constitui em obstáculo ao progresso moral dos homens, mas quando está de mãos dadas com o poder, torna-se nefasta.

Nos tempos em que as estradas poeirentas da Galileia ainda eram marcadas pelas sandálias humildes do Sublime Galileu, um ensinamento singular ficou impresso na História, através de um diálogo do Cristo com um senador romano.

Jesus falou-lhe de humildade mas, aquele homem investido dos poderes e glórias transitórios, deixou-se arrebatar por uma onda de orgulho e questionava-se mentalmente:

Humildade? Que credenciais apresentava o profeta para lhe falar assim, a ele, senador do Império Romano, revestido de todos os poderes?

Lembrou a cidade dos Césares, coberta de triunfos e glórias, cujos monumentos acreditava, naquele momento, fossem imortais.

Jesus, conhecedor das Leis eternas e imutáveis que regem a vida, percebendo seus pensamentos, respondeu com serenidade e firmeza:

Todos os poderes do teu império são bem fracos e todas as suas riquezas bem miseráveis...

As magnificências dos Césares são ilusões efêmeras de um dia, porque todos os sábios, como todos os guerreiros, são chamados no momento oportuno aos tribunais da justiça de Meu Pai que está no Céu.

Um dia, deixarão de existir suas águias poderosas sob um punhado de cinzas misérrimas. Suas ciências se transformarão ao sopro dos esforços de outros trabalhadores mais dignos do progresso.

Suas leis injustas serão tragadas no abismo tenebroso desses séculos de impiedade, porque só uma Lei existe e sobreviverá aos escombros da inquietação do homem: A Lei do amor, instituída por Meu Pai, desde o princípio da Criação...

Nesses ditos de Jesus, há um singular ensinamento: a transitoriedade das ostentações humanas construídas sob os impositivos da vaidade.

E Jesus tinha razão. Dois milênios após, pouca coisa restou daquele Império tido como imortal. Restam hoje apenas algumas ruínas que o tempo se encarregará de extinguir.

Todavia, o tempo não logrará destruir os ensinamentos grandiosos legados à Humanidade pelos cidadãos romanos que se dedicaram a construir patrimônios imperecíveis, não sujeitos às leis da matéria.

* * *

Deus, antes de colocar a Humanidade sobre a face da Terra a enfeitou de belezas naturais, revestiu-a de todos os elementos e recursos necessários ao nosso bem-estar.

Para iluminar o dia, Ele nos deu o Sol, radiação gloriosa. E para clarear as noites salpicou-as de estrelas, como se fossem flores de ouro.

E nós, o que temos para ofertar a Deus, senão o nosso coração?

Mas, longe de enfeitá-lo com alegrias, virtudes e esperanças e permitir que Deus o penetre, só o fazemos quando o luto, as amarguras e decepções nos visitam e nos ferem.

Deixemos a vaidade de lado e ofertemos o nosso coração livre de dores.

Ofereçamo-lo a Deus como homens, de pé, e não como escravos, de joelhos. Lembremo-nos de Deus também nas horas de alegria e felicidade.

Redação do Momento Espírita com base no cap. V, pt.1, do livro Há 2000 anos, pelo Espírito Emmanuel,psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.Disponível no CD Momento Espírita, v. 2, ed. Fep.